Assistir a um crash test ao vivo é uma experiência que muda a maneira como enxergamos desenvolvimento automotivo. E foi exatamente isso que vimos no centro de segurança da Volkswagen: um Tera sendo propositalmente destruído para demonstrar, na prática, por que o SUV atingiu nota máxima no Latin NCAP.
A violência controlada da colisão impressiona, mas o que realmente chama atenção é o nível de método e engenharia por trás de cada um dos 120 milissegundos que definem o destino dos ocupantes.
Antes de qualquer colisão, existe um processo que começa ainda no design. A engenharia precisa criar um veículo que minimize danos caso ocorra um acidente com pedestre. Isso começa pela dianteira, onde o para-choque, as estruturas secundárias e a geometria frontal são calculadas para reduzir o impacto direto nas pernas, absorver energia e controlar deformações.
Foto de: Volkswagen
Logo acima, o capô recebe estruturas com resistência controlada, pensadas para mitigar lesões graves em caso de contato com a cabeça. É um equilíbrio que precisa ser rígido o suficiente para não colapsar sobre componentes vitais do motor, mas ao mesmo tempo deve se deformar de forma progressiva para dissipar energia.
Ensaio que simula colisão de cabeça no capô do Tera – idêntico ao Latin NCAP
Foto de: Volkswagen
Essa lógica se estende por toda a carroceria. O Tera utiliza a plataforma MQB, combinando aços de ultra-alta resistência, aços estampados a quente e seções de deformação programada. Cada região da estrutura tem um papel específico: algumas permanecem extremamente rígidas para preservar o habitáculo, enquanto outras são projetadas para deformar. É essa coreografia estrutural, sempre analisada em simulação por computador, que direciona a energia do impacto para longe dos ocupantes, controlando a desaceleração e preservando a integridade do espaço de sobrevivência.
Outro ponto essencial é a durabilidade dos materiais. No laboratório da Volkswagen, a carroceria e seus componentes passam por um teste extremo de exposição solar acelerada, que condensa dois meses de incidência solar em apenas duas semanas. Esse procedimento verifica resistência de pintura, plásticos, borrachas, conectores, sensores e qualquer componente sujeito a fadiga térmica. É uma forma de garantir que, mesmo após anos enfrentando calor severo, como ocorre em muitas regiões do Brasil, o veículo mantenha seu desempenho e sua integridade.
Depois de toda essa preparação, vem o momento mais intenso: o impacto real. E foi isso que vimos. Direto da cabine de comando, vimos o operador verificar as etapas de preparação com o pessoal de engenharia, carregar o sistema e apertar o botão para que o carro começasse sua trajetória rumo ao obstáculo. Tivemos a chance de observar o trajeto por completo, no qual temos a sensação de que nada vai acontecer até que de repente o estampido da colisão acontece. Mesmo a 64 km/h, a batida é forte o suficiente para destruir por completo a parte dianteira.
Em apenas 120 milissegundos, o Tera executou uma sequência coordenada de ações projetadas para salvar vidas. O sistema de airbags entrou em operação com precisão cirúrgica, inflando completamente no momento exato. Os cintos de segurança aplicaram pré-tensionamento instantâneo, aproximando os ocupantes do assento para evitar deslocamento brusco, e em seguida liberaram a tensão de forma controlada para reduzir pressão excessiva sobre o corpo. Paralelamente, o Multi Brake Assist entrou em ação automaticamente, aplicando frenagem após o impacto para impedir movimentos secundários que poderiam agravar o acidente.
Volkswagen Tera – Crash Test
Foto de: Volkswagen
Mas talvez o aspecto mais impressionante tenha surgido depois que a poeira baixou. A carroceria permaneceu íntegra, sem invasão significativa da estrutura frontal no habitáculo. As quatro portas abriram e fecharam normalmente, um indicativo claro de que a cabine preservou sua estrutura original. Os dummies, posicionados nos bancos dianteiros e traseiros, apresentaram sinais mínimos de carga e deslocamento, reforçando o alto nível de proteção biomecânica alcançado. Nos bancos traseiros, dois dummies infantis em cadeirinhas com Isofix, também “saíram” ilesos do acidente. É o tipo de desempenho que não deixa dúvida sobre a seriedade do projeto.
Volkswagen Tera – Crash Test
Foto de: Volkswagen
O desempenho do Tera não é resultado apenas da estrutura, mas também do pacote de segurança que acompanha o modelo desde sua versão de entrada. Todas as configurações vêm equipadas com seis airbags, frontais, laterais e de cortina, cobrindo as principais regiões sensíveis dos ocupantes. A frenagem autônoma de emergência com detecção de pedestres funciona como uma camada adicional de proteção ativa, enquanto os controles eletrônicos de tração e estabilidade mantêm o veículo mais estável em condições abruptas.
Volkswagen Tera – Crash Test
Foto de: Volkswagen
O bloqueio eletrônico de diferencial melhora as respostas em superfícies de baixa aderência, e o sistema de detecção de fadiga monitora padrões de condução para identificar sinais de cansaço, alertando o motorista quando necessário. Além disso, o monitoramento de pressão dos pneus ajuda a prevenir rodagem fora do padrão, reduzindo riscos.
VW Tera – Desenvolvimento e segurança – Crash Test
Foto de: Volkswagen
Nas versões superiores, a segurança ativa tem mais recursos. O Controle de Cruzeiro Adaptativo ajusta automaticamente velocidade e distância em relação aos veículos à frente, enquanto o alerta e assistente ativo de mudança de faixa trabalham para evitar saídas involuntárias. O detector de ponto cego com assistente de saída de vaga reduz significativamente a chance de colisões laterais, especialmente em cenários urbanos. A câmera multifuncional complementa o conjunto oferecendo monitoramento visual mais amplo e preciso.
Acompanhar todas as etapas da engenharia que precisam prever o pior cenário para criar o melhor carro foi extremamente revelador. Ver um Tera sendo destruído diante dos olhos, sem edição, sem preparação cenográfica, é testemunhar o resultado final de um processo que começa muito antes. Começa no cálculo de deformações, na escolha dos materiais, nos testes extremos de durabilidade e na validação constante de cada componente. Tudo culmina na colisão, mas a segurança nasce muito antes dela.
Foto de: Volkswagen
Outro ponto que merece destaque é que todo o processo foi liderado pelo time de engenheiros brasileiros, utilizando os mais elevados padrões e que vem sendo aperfeiçoado por anos. As cinco estrelas não é uma busca de marketing, mas o trabalho real para oferecer um produto que realmente pensa, no pior cenário, em proteger quem confiou em um produto Volkswagen.
